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domingo, 7 de novembro de 2010

Kihon (Fundamento) (Foundation)



Kihon (Fundamento)

Ao iniciarmos nossa caminhada no Ninpo nos deparamos freqüentemente com a palavra “kihon”. Temos o Daken Kihon (percursões fundamentais), o Kihon Happo (oito formas básicas), que se subdivide em: Koshi Kihon Sanpo (três caminhos fundamentais de Koshijutsu) e o Torite Kihon Goho (cinco formas fundamentais de capturar a mão), além de ouvirmos muito se falar sobre o básico, ou “o Kihon”. O que viria a ser então o sentido deste termo? Levando em conta a construção de um castelo, ou qualquer edifício que seja, não havendo um alicerce firme, toda a estrutura será comprometida. Ignorar a natureza vital do Kihon é comprometer todo o treinamento.
Se destrincharmos o Kihon Happo, por exemplo, podemos observar três princípios fundamentais que todas as suas técnicas exigem do praticante:
1. A distância certa
2. O ângulo certo
3. O tempo certo
Além de nos transmitir esses princípios, o Kihon Happo nos expõe a duas defesas contra golpes fundamentais, que por sinal são introduzidas no Uke no Kata (formas de receber), que por sua vez são treinadas juntamente com o Daken Kihon. Temos também quatro golpes básicos e cinco técnicas de projeção/luxação. Em meio a essas técnicas estão guardados vários princípios sobre a dinâmica de uma luta e da anatomia humana. São esses princípios que formam o Kihon (Fundamento) de nosso taijutsu (técnica do corpo). Não podemos perder de vista também o Junan Taiso (condicionamento do corpo) e o Taihenjustu (técnica de mudar o corpo). Esses dois grupos de técnicas forma o fundamento do fundamento. Sem um corpo condicionado para mudar naturalmente, de nada adianta aprender distância, ângulo e tempo, visto que mesmo compreendendo tais coisas o corpo não teria como realizá-las. Se não houver uma busca pela internalização desses princípios, de nada adianta reproduzir os movimentos descritos no Ten Chi Jin, não passaria de colecionar técnicas. Sem o sentimento apropriado e sem a intenção correta não há como se chegar ao fundamental (Kihon) de qualquer coisa que seja.
Um Kihon essencial ao Ninpo é o conceito de In/Yo (Ying/Yang em Chinês). Tudo possui Ura (interno) e Omote (externo). Waza (técnica) pertence ao mundo de Omote, enquanto que o Kihon pertence ao mundo de Ura. É preciso se saber extrair aquilo que é essencial, aquilo que sustenta, aquilo que é o fundamento das técnicas, e então tornar esse fundamento nosso próprio fundamento. Podemos pensar aqui sobre nozes onde a casca dura protege o alimento que está em seu centro. Assim também é com as técnicas. Apenas com trabalho árduo, buscando os pontos certos, podemos desvelar aquilo que é vital. O segredo da árvore é a sua semente. Podemos admirar a beleza de uma árvore, mas para tê-la em nosso quintal precisamos plantar sua semente. Da mesma forma, podemos admirar os movimentos das várias técnicas de nossa arte e jamais ser capazes de encontrar os princípios vitais contidos nelas.
Buscando assim o Kihon dessa mensagem, podemos ir além, e apontar para Bappen Fugyo (muitas mudanças, nenhuma surpresa) como a chave para se encontrar o fundamento das coisas. Ao se observar qualquer coisa, com a intensidade e direção de atenção apropriada, podemos observar sua estrutura e destacar aquilo que a sustenta (seu Kihon). As pessoas e as coisas mudam, mas sua essência permanece a mesma. Nascemos então para o mundo de Henka (variação) e damos vida às nossas técnicas (Omote), bem como preservamos nossa vida diante das variações de nosso oponente (Ura). Precisamos atentar aqui para o fato de que a mente, o corpo e o espírito estão envolvidos nisso tudo e que o treino deve ser realizado nesses três níveis. Transitar livremente nesses três níveis diante de qualquer possível mudança súbita e ser capaz de se adaptar (mudar de forma conforme o ataque), sem comprometer nossa essência, isso é a essência do Ninpo.

Gambate Kudosai!

(English Tranlation)

Kihon (Foundation)

When we first start to walk the path of Ninpo we frequently encounter the word “kihon”. We have the Daken Kihon (basic strikes), the Kihon Happo (eight basic forms), that is divided in: Kihon Koshin Sanpo (three basic ways of Koshijutsu) and the Torite Kihon Goho (five fundamental ways of capturing the hand), besides hearing a lot about the basics, or “the Kihon”. What then should be the meaning of this term? Taking into account the building of a castle, or any edifice so ever, there not being a firm ground, the whole structure is compromised. To ignore the vital nature of Kihon is to compromise all of training.
If we dissect the Kihon Happo, for example, we can observe three fundamental principles that all of it´s techniques require of the practitioner:
1. The right distance
2. The right angle
3. The right timing
Besides transmitting these principles to us, the Kihon Happo exposes us to two fundamental defenses against strikes, that by the way are introduced in the Uke no Kata (receiving forms), which in turn are practiced along with the Daken Kihon. We also have four basic strikes and five throwing/locking techniques. In the midst of these techniques are hidden various principles about the dynamics of a fight and of human anatomy. These are the principles that form the Kihon (Foundation) of our taijutsu (body technique). We can´t lose sight also of the Junan Taiso (body conditioning) and the Taihenjutsu (body changing teachnique). These two groups of techniques form the foundation of the foundation. Without a body conditioned to change naturally, it would be useless to learn the distance, angle and timing, considering that even understanding such things the body would be unable to perform them. If there isn´t a search for the internalization of these principles, it will do no good to reproduce the movements described in the Ten Chi Jin. It would be no more than technique collecting. Without the appropriate feeling and without the right intention there is no way of attaining the foundation (Kihon) of anything.
An essential Kihon to Ninpo is the concept of In/Yo (Ying/Yang in Chinese). Everything possesses an Ura (inner) and Omote (outer). Waza (technique) belongs to the world of Omote, while the Kihon belongs to the world of Ura. It is necessary to know how to extract that which is essential, that which sustains, that which is the foundation of the techniques, and then make this foundation our very own. We can think here of nuts where the hard shell protects the nourishment in it´s core. So it is with the techniques. Only thru hard work, seeking the right points, can we unveil that which is vital. The secret of a tree is it´s seed. We can admire the beauty of a tree, but to have her in our back yard we need to plant it´s seed. In the same way, we can admire the movements of the various techniques of our art and never be able to find the vital principles contained in them.
Thus seeking the Kihon of this message, we can go beyond, and point towards Bappen Fugyo (many changes no surprises) as the key to find the foundation of things. In observing anything, with the right intensity and direction of attention, we can observe it´s structure and highlight that which sustains it (Kihon). People and things change, but their essence remains the same. And so we are born into the world of Henka (variation) and we give life to our techniques (Omote), as we also preserve our life before the variations of our opponent (Ura). We need to pay attention here to the fact that the mind, the body, and the spirit are involved in all of this and that training should be done in all three levels. To transit freely in these three levels in the presence of any possible sudden change and to be able to adapt (change our form according to the attack), without compromising our essence, this is the essence of Ninpo.

Gambate Kudosai!

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