Páginas

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Uma Vida no Dia (A Life in the Day)


Este é uma breve entrevista com Soke Hatsumi que revela detalhes fundamentais de como viver a vida de acordo com os princípios do Ninpo.

Uma Vida no Dia: Masaaki Hatsumi
Grande Mestre da Escola Togakure de Ninja

Por Julian Ryall
Do ‘Sunday Times Magazine’ em 21 de Dezembro, 2003


Eu me levanto ao me acordar, mesmo que eu não seja muito de acordar cedo, sendo que tendo a trabalhar pela noite. Eu não sei que horas irei pra cama ou acordar em dia algum porque, como um ninja, eu faço um hábito de não ter nenhum tipo de rotina. É ruim ter um padrão para sua vida, pois as três ocasiões mais fáceis de matar um homem são quando ele estiver na privada, quando estiver na cama ou quando estiver comendo. Ninguém me pegará sonolento, visto que treinei minha vida inteira para estar alerta. Abaixar a sua guarda é equivalente à suicídio. Mas eu sempre começo o dia com a mesma refeição, misturando arroz integral, tofu, feijões vermelhos e cogumelos juntos. Eu também tomo um chá japonês, preparado especialmente para mim. Após o desjejum eu faço seja lá o que quero fazer – mas não o que fiz ontem. Talvez eu escreva para uma revista ou trabalhe em exercícios que faço atualmente.

Eu venho praticando artes marciais desde que sou um garoto, mesmo que seja muito mais profundo que o tipo de treinamento físico que a maioria das pessoas compreende. É o jeito que você vive a sua vida. Eu não faço flexões agora que tenho 73 anos de idade. Não é sobre técnica, é sobre viver. Qualquer um pode tirar fotografias, mas apenas poucas podem ser descritas como “arte”. E da mesma forma que o mundo precisa de escultores e artistas, artistas marciais são igualmente importantes.

Eu nunca “me tornei” um ninja. Eu sempre o fui e ele sempre fui eu. Eu tive uma infância difícil: meu pai costumava beber e era violento, então tinha que proteger minha família. Eu cresci no Japão pós-guerra, quando era proibido praticar qualquer arte marcial além de judô, karate ou kendo.

Tornei-me um instrutor e na década de 60 eu comecei a ensinar em bases militares americanas. Eu rapidamente aprendi que aquelas disciplinas não funcionavam muito bem se seu oponente fosse muito maior e mais forte que você, então eu comecei a estudar artes marciais antigas e me tornei estudante de Toshitsugo Takamatsu, o 33° grande mestre da escola Togakure de ninjas. Quando ele morreu em 1972, eu me tornei o grande mestre.

Eu ensino três vezes por semana quando estou no Japão, e sou freqüentemente convidado a instruir ou dar palestras no exterior. Eu ensinei em 50 países e tenho cartas de agradecimento de cinco presidentes americanos, Margarete Thatcher e Nelson Mandela. Eu compartilhei minhas habilidades com a SAS e a SBS, bem como a polícia e forças especiais ao redor do mundo. Algumas pessoas na minha escola se recusariam a lhe dizer seus trabalhos se você perguntasse. Um deles acaba de retornar de seis meses de excursões do Afeganistão e Iraque.

Treinamos no uso de armas: corda, espadas, lanças, correntes – tudo é uma arma. Um pedaço de papel. Qualquer coisa que for nada. Eu sou um arsenal ambulante – mas ser um ninja é mais que apenas o físico. É ensinar percepção, o espiritual. Você tem que desenvolver um sentimento de matar real, mas com a habilidade de não matar. Você tem que ter vísceras para matar, mas também a habilidade física e espiritual e força para não matar, para dar a seu oponente uma saída, uma desculpa para retroceder. Na verdade, eu não ensino nada a eles. Eu mostro a eles como levarem suas vidas. É por conta deles se o compreendem ou não.

O que é um ninja? O que o tempo? Você está me perguntando para definir algo que por sua própria natureza não é compreendido. O ninjutsu é fundamentado no ato de enganar, mas é muito mais que isso. É o uso de armas e a arte de se esconder, mas há muito mais a ele que lançar estrelas, e invisibilidade.

Um teste para estudantes de nível avançado é eu baixar uma espada na suas nucas e eles têm que sentir o momento de rolar para fora do caminho. Eu tento levá-los ao nível onde eles agem sem saber por que, para transcenderem a compreensão.

Existem muitos mal entendidos em torno do ninja. A maioria começaram no século 14, e foram colocados na mesma categoria que os samurais, os cavaleiros da Idade Média. Um samurai estava disposto a morrer por seu senhor. Mas os ninjas foram sempre independentes dos governos, e tínhamos uma filosofia que tínhamos que viver por conta de nossas famílias. Acreditamos levar uma existência abençoada, mas no que diz respeito a nossas habilidades, nunca faz mal ter uma má reputação. É parte do nosso poder, parte de nosso misticismo.

No final do dia, eu abro a geladeira e pego qualquer comida que estiver disponível. Talvez eu tome um drinque, mas não sou muito de beber cerveja ou sake. Às vezes convidamos alguns de meus alunos para o jantar, mas eu só aviso em cima da hora. Eu provavelmente levarei os cães para passear novamente, mas quem sabe se será as 5pm ou as 5am? Eu tento escreve um tanto a noite, eu sou um bom dançarino, ou assim dizem. Eu gosto de dança tradicional japonesa bem como dança de salão, visto que sou bem leve nos meus pés.

Quando sinto que está na hora de ir pra cama, eu desenrolo meu colchão e durmo rapidamente, mas eu freqüentemente sonho com meu mestre, Takamatsu, e os sonhos são geralmente no lado aterrorizante, como ele me atacando em meus sonhos. No primeiro dia que me tornei seu aprendiz, eu dormi em sua casa. Pela manhã ele me perguntou quantas vezes ele havia entrado no meu quarto durante a noite e quantas vezes eu achava que ele poderia ter me matado. Nos próximos cinco anos eu não tive uma noite boa de sono, sendo que estava alerta para o menor ruído. No final tive que perguntar. Ele disse que não tinha entrado nenhuma vez, mas que eu aprendera uma boa lição.

(English Translation)

This is a brief Enterview with Soke Hatsumi that reveals fundamental details of how to live acording to the principles of Ninpo.

A Life in the Day: Masaaki Hatsumi,
Grandmaster of the Togakure School of Ninja
by Julian Ryall

From the 'Sunday Times Magazine' on December 21st, 2003
I get up when I wake up, although I'm not much of an early riser, as I tend to work through the night. I don't know what time I'll go to bed or wake up on any day because, as a ninja, I make a habit of never having any sort of routine. It's bad to have a pattern to your life, because the three easiest times to kill a man are when he's on the toilet, when he's in bed or when he's eating. Nobody will catch me asleep or drowsy, as I have trained all my life to be alert. To let your guard down is tantamount to suicide. But I always start the day with the same meal, mixing brown rice, tofu, red beans and mushrooms together. I'll also have a Japanese tea, blended specially for me. After breakfast I will do whatever I want to — but not what I did yesterday. Perhaps I will write for a magazine or work on exercise I do now.

I've been doing martial arts since I was a boy, although it is much deeper than the sort of physical training most people would understand. It's the way you live your life. I don't do push-ups now that I'm 73 — though I don't have the body of a 73-year-old. It's not about technique, it's about living. Anyone can take photographs, but only a few can be described as "art". And just as the world needs sculptors and artists, martial arts are equally important.

I never "became" a ninja. I was always it and it was always me. I had a tough childhood: my father used to drink and was violent, so I had to protect my family. I grew up in post-war Japan, when it was forbidden to practice any martial art other than judo, karate or kendo.

I became an instructor and in the 1960s I began teaching at US military bases. I quickly learnt that those disciplines don't work very well if your opponent is much bigger and stronger than you, so I began to study the ancient martial arts and became a student of Toshitsugu Takamatsu, the 33rd grand master of the Togakure school of ninja. When he died in 1972, I became the grand master.

I teach three times a week when I am in Japan, and I'm often invited to instruct or give lectures abroad. I've taught in 50 countries and have letters of thanks from five US presidents, Margaret Thatcher and Nelson Mandela. I have shared my skills with the SAS and SBS, as well as police and special forces around the world. Some people at my school will refuse to tell you their jobs if you ask them. One has just returned from six-month tours of Afghanistan and Iraq.

We train in the use of weapons: rope, swords, spears, chains — everything is a weapon. A piece of paper. Anything that is nothing. I'm a walking arsenal — but being a ninja is more than just the physical. It's teaching awareness, the spiritual. You have to develop a real killing feeling, but with the ability not to kill. You have to have guts to kill, but also the physical and spiritual ability and strength not to kill, to give your opponent an out, an excuse to back off. In truth, I don't teach them anything. I show them how to lead their lives. It's up to them whether they grasp it or not.

What is a ninja? What is time? You are asking me to define something that by its very nature is not understood. Ninjutsu is based on deception, but it's a lot more than that. It's the use of weapons and the art of concealment, but there's a great deal more to it than throwing stars, and stealth.

One test for the higher-level students is for me to bring a sword down on the backs of their necks and they have to sense when to roll out of the way. I try to take them to the level when they act without knowing why, to transcend understanding.
There are many misconceptions surrounding ninja. Most started in the 14th century, and we were put in the same category as samurai, the salarymen of the Middle Ages. A samurai was willing to die for his lord. But ninja were always independent of the government, and we had a philosophy that we had to live for the sake of our families. We believe we lead a blessed existence, but when it comes to our skills, it never hurts to have a bad reputation. It's part of our power, part of our mysticism.

At the end of the day, I'll open the fridge and grab whatever food is handy. Maybe I'll have a drink, but I'm not a big beer or sake drinker. Sometimes we have some of my students round for dinner, but I only give them short notice. I'll probably take the dogs for a walk again, but who knows if it will be at 5pm or 5am? I try to do some writing in the evenings, and I'm quite an accomplished dancer, or so they say. I like traditional Japanese dancing as well as ballroom dancing, as I'm pretty light on my feet.

When I feel it is time to go to bed, I will roll out my futon and go to sleep quickly, but I often dream of my master, Takamatsu, and the dreams are usually on the scary side, like he's attacking me in my sleep. On the first day I became his apprentice, I slept in his house. In the morning he asked me how many times he'd come into my room in the night and how many times I thought he could have killed me. For the next five years I never had a good night's sleep, as I was waiting for the slightest noise. In the end I had to ask him. He said he hadn't come in at all, but that I'd learnt a good lesson.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Imagem Vs. Realidade (Image Vs. Reality)



“O primeiro passo para poder espiritual é livrar-se do desejo.” A face de Hatsumi Sensei manteve uma expressão de autoridade solene. Ele falou com convicção.
Eu estava desapontado quase ao ponto de revolta. Hatsumi Sensei deveria estar me introduzindo ao quarto dos nove níveis de desenvolvimento, e ele iniciou com um clichê que eu poderia ter conseguido de um suspense de kung-fu de Hong Kong barato. Livre-se do desejo. Como que isso ajudaria no mundo real? Como que alguém poderia desenvolver o poder pelo qual os ninjas eram famosos sem desejo?
Eu concordei com a cabeça por conta de me entrosar. “É uma coisa comum nos Estados Unidos, o desejo. Todos querem um carro grande, uma casa grande com uma piscina, muito dinheiro,” eu concordei amigavelmente. Afinal de contas o homem era meu professor.
Houve uma pause estranha. O mestre parecia estar buscando por palavras. Ele inclinou a cabeça levemente e continuou sua explicação. “Bem, sim, esses são desejos. Mas esses desejos são superficiais e facilmente superáveis. Estamos falando é sobre os desejos da personalidade. Exigindo que as coisas sejam de uma forma que não são.”
“Ah, eu compreendo agora. É querer ser famoso, ou rico, ou poderoso,” eu disse.
Hatsumi Sensei sorriu preocupadamente. “Bem, sim, esses também são desejos, mas não... isso é difícil de explicar.” O mestre passou uma mão sobre seu cabelo cortado bem baixinho. “Deixe-me colocar dessa forma. Você deve limpar sua mente e ser de impressões pré-concebidas sobre como as coisas são. Muitas vezes existe uma grande diferencia entre o que queremos acreditar e aquilo que é real. Podemos estar tão presos aquilo que queremos ver, que somos impedidos de ver o que realmente estar ali. Esses são os desejos que cobrem de nuvens o pensamento e o impedem de estarem em harmonia com o mundo.”
- O Ninja e Sua Arte de Luta Secreta
Stephen K. Hayes

O que para nossa globalizada modernidade recai sobre o rótulo de um clichê, é na verdade a segunda Nobre Verdade da doutrina de Sidhartha Gautama, o Buda: a raiz do sofrimento é o desejo (ou apego). Hatsumi Sensei aponta para este princípio como a base para se adentrar o poder espiritual. Como o texto reflete, este é um assunto difícil de abordar principalmente no contexto de nossa cultura ocidental. Somos tão envolvidos no mundo da imagem que qualquer menção a uma realidade transcendente nos parece fantasia. Nosso assombroso avanço tecnológico na área do entretenimento, como os vídeo games e os efeitos cinematográficos apontam a importância que a imagem ocupa em nossa cultura. Concomitantemente, somos ensinados a darmos grande valor à imagem que os outros fazem de nós, e o comércio com sua espada, a mídia, manipulam este universo carregado de emotividade, gerando um verdadeiro inferno social que passa pela constante frustração, drogas e alcoolismo, dívida e falência econômica, levando a criminalidade, entre tantos outros males que assolam nossa sociedade atual. O conhecimento profundo do mundo natural, do homem e das leis divinas, guardadas pelo Ninpo, permite a seus praticantes transcender o mundo das imagens e desvelar a realidade. Em nossas próprias tradições espirituais, podemos ver este ensinamento na idéia do pecado da idolatria, onde o homem adorou a uma imagem e não a Deus. É interessante que o nome desse deus no hebraico traduz como ‘Eu sou o que sou ‘. Temos nisso a explicação para o mistério do ego, a nossa própria auto-imagem, nosso falso “eu”, que no Budismo é representado por Mara, o rei do reino da ilusão. Interessante também notar que Takamatsu Sensei menciona em sua auto-biografia não ter se olhado no espelho por muitos anos e no seriado Jyraia Ninja no Sekai, escrito e dirigido por Hatsumi Sensei, há menção a eliminação da própria imagem no espelho como uma das principais técnicas secretas de Togakure Ryu Ninpo. Enfrentar inimigos num campo de batalha de certo requer grande coragem, mas perseverá na batalha contra si mesmo requer mais que coragem, requer uma resignação inabalável, fortalecida a cada novo passo dado.
Gostaria de instigar o leitor a considerar com cuidado este assunto e observar como estes princípios se aplicam ao Taijutsu. Ao decidir que iremos realizar esta ou aquela técnica criamos uma imagem, quanto mais nos esforçamos (desejamos) para realizá-la, mais nos frustramos, mas se simplesmente nos harmonizamos com o ataque de nosso oponente e mantemos uma atenção expansiva e relaxada, técnicas maravilhosas brotam do mundo de Mu (vaziu). De forma semelhante se paramos de constantemente afirmarmos para nós mesmos quem somos e silenciarmos nossa mente, podemos dissolver a imagem distorcida e ver brotar um ser maravilhoso, espontâneo, misterioso, imprevisível, de fato indescritível e único: quem realmente somos. A partir dessa atitude natural “Shizen no Kamae”, podemos evadir o perigo, seja ele qual for, naturalmente, e comungar com Shin-Shin-i-Shin-Gan (o pensamento e os olhos de Deus).

English Translation

“The first step to spiritual Power is to rid yourself of desire.” Hatsumi Seseni´s face held an expression of solemn authority. He spoke with conviction.
I was disappointed almost to the point of contempt. Hatsumi Sensei was supposed to be introducing me to the fourth of the nine levels of development, and he had begun with a cliché that I could have gotten from a cheap Hong-Kong kung-fu thriller. Rid yourself of desire. How could that help in the real world? How could one develop the power for which the ninja were famous, without desire?
I nodded gamely for the sake of fitting in. “It´s a common thing in the States, desire. Everyone wants a big car, a big house with a pool, lots of money,” I agreed amicably. After all, the man was my teacher.
There was an odd pause. The master seemed to be looking for words. He tilted his head lightly and continued his explanation. “Well, yes, those are desires. But those desires are superficial and rather easily overcome. What we are talking about are the desires of the personality. Demanding that things be ways they are not.”
“Oh I understand now. It´s wanting to be famous, or rich, or powerfull,” I said.
Hatsumi Sensei smiled wearily. “Well, yes, those are desires, too, but not… this is difficult to explain.” The master ran a hand over his close-cropped hair. “Let me phrase it this way. You must clear your mind and being of pre-conceived impressions of the way things are. Many times there is a great difference between what we want to believe and what is real. We can be so caught up in what we want to see, that we are prevented from seeing what is really there. These are the desires that cloud the mind and prevent it from being in touch with the world.”
- Ninja and their Secret Fighting Art
Stephen K. Hayes

What falls under the label of cliché in our globalized modernity, is in fact the second Noble Truth of the doctrine of Siddhartha Gautama, the Buddha: the root of suffering is desire (or attachment). Hatsumi Sensei points to this principle as the basis to enter into the realm of spiritual power. As the text reflects, this is a topic that is difficult to approach especially in the context of our western culture. We are so involved in the world of image that any mention of a transcendent reality seems to us as fantasy. Our frightening technological advances in the area of entertainment, such as video games and movie especial effects point towards the importance that image occupies in our culture. Simultaneously, we are taught to give great value to the image others have of us, and commerce with it´s sword, the media, manipulates this universe charged with emotionality, generating a true social hell that goes thru constant frustration, drugs and alcoholism, debt and financial bankruptcy, leading up to crime, amongst so many other evils that overwhelm our current society. The deep knowledge of the natural world, of man and of divine laws, guarded by Ninpo, allows for its practitioners to transcend the world of images and unveil reality. In our very own spiritual traditions we can see this teaching in the idea of the sin of idolatry, where man worshiped an image and not God. It is interesting that the name of this god in Hebrew translates as ‘I am what I am’. We have in this the explanation to the mystery of the ego, our own self image, our false ‘self’, which in Buddhism is represented by Mara, the king of the realm of illusion. It is also interesting to note that Takamatsu Sensei mentions in his auto-biography not having looked at the mirror for many years and in the series Jyraia Ninja no Sekai, written and directed by Hatsumi Sensei, there is mention to the elimination of one´s own image in the mirror as one of the main secret techniques of Togakure Ryu Ninpo. To face off enemies in a battle field certainly requires great courage, but to persevere in the battle against oneself requires more that courage, it requires an unshakable resignation, strengthened at each new step taken.
I would like to instigate the reader to consider carefully this subject and observe how these principles apply to the Taijutsu. In deciding that we will put on this or that technique we create an image, the more we make an effort (desire) to realize it, the more we frustrate ourselves, but if we simply harmonize with our opponent´s attack and keep an expansive and relaxed attention, marvelous techniques will blossom from the world of Mu (emptiness). In similar fashion, if we stop constantly affirming to ourselves who we are and we silence our minds, we can dissolve the distorted image and see immerge a marvelous, spontaneous, mysterious, unpredictable, in fact indescribable and singular being: who we really are. From this natural attitude “Shizen no Kamae”, we can evade danger, be it of any kind, naturally, and commune with Shi-Shin-i-Shin- Gan (the mind and eyes of God).

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

AVISO!

É incoveniente ocupar esse espaço com um assunto desagradável como esse, mas se faz necessário.

Recentemente alguns de meus alunos receberam uma mensagem no orkut de um R.S. Calvino convidando para treinar Ninjutsu em um novo local. Presumo que todos com o qual este individuo teve contato ao longo do tempo que ele treinou será sujeito a esse convite. Afirmo que a extensão do meu relacionamento com este individuo se restringe aos 2 anos em que ele, de forma irregular e inconstante, treinou na antiga Bujinkan Manaus, quando ainda no CASSAM. Fui abordado por ele após sairmos do CASSAM com o intuito de que eu ensinasse na nova academia de múltiplas artes marciais que ele pretendia abrir. Recusei tal proposta e afirmo não ter mais nenhuma ligação com este individuo, ele não possui nem nunca possuio a autorização para ensinar, nem possui graduação ou conhecimento suficiente para tal fim.
Em suma: o grupo de treino Daimio Sanko e minha pessoa não possuímos nenhuma ligação com este individuo ou sua organização.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Bappen Fugyo – Muitas mudanças, nenhuma surpresa. (Many changes, no surprises.)





Uma das características fundamentais do Ninpo é a imprevisibilidade. Isso está ligado a tão famosa invisibilidade do Ninja. Quando temos rotinas fixas estamos “visíveis” a observação de nossos oponentes, tornando-nos assim vulneráveis a um plano contra nós. No Taijutsu como no dia a dia devemos evitar a cristalização de ter uma forma específica para fazer as coisas. Isso não só nos torna difíceis de sermos rastreados por terceiros, mas também serve como um trabalho de refinamento espiritual, que se for levado a níveis mais sutis como o pensamento, por exemplo, serve para minar as estruturas do ego, que não passa de uma forma fixa de olhar para si mesmo. Sem fixações, despertamos para o mundo do Zen e o Tao realiza seus milagres através de nós e nos guia rumo a Satori (Iluminação). Isso está ligado a Kasumi no ho (Principio da neblina). Como neblina ao vento, assim deve ser a presença de um Ninja.


“Assim como no Zen, é ao se remover o supérfluo e abstrair até que apenas a essência permanece que se pode chegar à compreensão do verdadeiro Ninpo Taijutsu. Certamente não é algo que deva ser explicado em mínimos detalhes por meio de palavras.
A visão de universo do Ninja contem não apenas três dimensões, mas quatro. A quarta dimensão é aquela do mundo de ‘Mu’ –o vaziu – um mundo assombrado pela morte, um mundo apenas do espírito. É um mundo sem existência física, onde tudo simplesmente desaparece. É por isso que nesse mundo você não deve permitir que um oponente veja ou perceba a tua forma – você deve apagá-la por completo.
A grande maioria de praticantes de Ninjutsu estão, entretanto, presos na terceira dimensão, ou até na segunda. Algumas pessoas estão de fato na primeira dimensão – talvez alguns no nível ‘menos’! É somente quando você pode se mover tão livre quanto um fantasma da primeira dimensão para a quarta (cada dimensão possui versões positivas e negativas também), e descobrir como todas as coisas surgem do vazio da dimensão de ‘Mu’, que você pode se tornar um verdadeiro Ninja, um dos Quatro Reis Ninja Celestiais. “Isso o levará a descobrir o passo fundamental e final que leva até a quinta dimensão.”
- Soke Hatsumi
O Caminho do Ninja – Técnicas Secretas


Recomendo como complemento a esse texto que o leitor leia outro artigo que publiquei neste blog denominado Neko no Myojutsu. É na dimensão de ‘Mu’ que conhecemos Mushin (não mente) e onde está o berço da verdadeira liberdade. Se rendendo a um universo de constante transformação, onde abandonamos o fetiche de tudo controlar, nos posicionamos no meio do agora (Nakaima) e não apenas nos tornamos indecifráveis, como realizamos Bappen Fugyo (Muitas mudanças, nenhuma surpresa).

(English Tanslation)

One of the fundamental characteristics of Ninpo is unpredictability. This is connected to the infamous invisibility of the Ninja. When we have fixed routines we are “visible” to the observation of our opponents, making us thus vulnerable to a plan against us. In Taijutsu as in our day to day we should avoid the crystallization of having a specific way of doing things. Not only does this make it difficult for others to track us, but it also serves as a work of spiritual refinement, that if taken to more subtle levels, such as our thoughts for example , serves to mine the structures of the ego, which is no more than a fixed way of seeing ourselves. Without fixations, we awaken to the world of Zen and the Tao actualizes it´s miracles thru us and guides us towards Satori (Illumination). This is connected to Kasumi no ho (Principle of the mist). As mist in the wind, so should the presence of a Ninja be.


“Just as in Zen, it is by stripping off the superfluous and abstracting until only the essence is left that one comes to understand the true nature of Ninpo Taijutsu. It is certainly not something which ought to be explained in minute detail thru the medium of words.
The Ninja view of the universe contains not only three dimensions but four. The fourth dimension is that of the world of Mu – nothingness – a world haunted by death, a world of spirit only. It is a world with no physical existence, where everything simply disappears. That is why in that world you must not let your opponent see or sense your form – you must wipe it out entirely.
The vast majority of Ninjutsu practitioners are, however, stuck at the third dimension. Some people are in fact still in the first dimension – maybe even some ‘minus’ level. It is only once you can move as freely as a phantom from the first dimension to the fourth (each dimension has positive and negative versions too), and discover how all things arise from the nothingness of the ‘Mu’ dimension, that you can become a true Ninja, one of the Four Heavenly Ninja Kings. This will lead you to discover the fundamental, final step leading through to the fifth dimension.”
- Soke Hatsumi
The Way of the Ninja, Secret Techniques


I would suggest as a complement to this text that the reader would look up another article I published in this blog entitled Neko no Myojutsu. It is in the dimension of ‘Mu’ that we know Mushin (no mind) and where the cradle of true freedom lies. By surrendering to a universe in constant transformation, where we abandon the fetish of controlling everything, we position ourselves in the middle of right now (Nakaima) and not only do we become undecipherable, we realize Bappen Fugyo (Many changes, no surprises).
Gambate Kudosai!